ValorCannBio: Valorização de subprodutos da canábis medicinal como biopesticida para o olival

BACKGROUND

A agricultura, um motor do desenvolvimento humano, está a enfrentar grandes desafios. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, sigla do inglês Food and Agriculture Organization), 30-50% da produção é perdida devido às pragas e doenças e as alterações climáticas estão a aumentar este impacto. Ao mesmo tempo, a produção tem de sustentar o aumento da população mundial que duplicará até 2050, isto numa altura em que os fitofármacos de síntese química estão a ser descontinuados pela UE, que visa reduzir em 50% a sua utilização nos próximos 10 anos. Todos estes desafios são ainda maiores na zona do mediterrâneo, uma das mais ameaçadas e para as quais existem menos soluções.

O Olival é uma cultura milenar, de grande importância social e económica no Mediterrânio, sendo o azeite um dos produtos mais exportados em Portugal, com 75% da produção proveniente do Alentejo.

Duas das principais doenças do olival são a Gafa e a Tuberculose. A Gafa, causada pelo fungo Colletothricum sp., leva a perdas de produção que podem atingir os 60-80%, a que correspondem mais de 50 milhões de euros, redução da qualidade do azeite e está a levar ao desaparecimento do património genético de importantes variedades de olival tradicionais portuguesas como a Galega, altamente suscetível à doença.

A Tuberculose, causada pela bactéria Pseudomonas savastanoi pv. savastanoi (Pss), está espalhada pela maioria dos olivais, levando à redução da qualidade do azeite. Os principais métodos de controlo destas doenças, são os pesticidas à base de cobre, pouco eficazes, com efeitos adversos no meio ambiente e com resistência desenvolvida pelos patógenos.

A produção de canábis medicinal (de nome científico, Cannabis sativa) está a crescer em Portugal (incluindo no Alentejo), prevendo-se que o País se torne num dos maiores produtores mundiais. O maior valor está nas flores, ricas em compostos químicos como a Tetra-Hidro-Canabinol (THC) e Cana-Bi-Diol (CBD), sendo a restante biomassa considerada um resíduo, i.e., um subproduto, que legalmente tem de ser destruído, acarretando altos custos. A canábis possui mais de 500 compostos químicos, alguns com inexploradas propriedades antibacterianas, antifúngicas e inseticidas. Através da gestão eficiente da biomassa excedentária da canábis medicinal será possível desenvolver soluções eficazes e sustentáveis para o controlo de doenças que afetam o olival.

SINOPSE

O projeto ValorCannBio: Valorização de subprodutos da canábis medicinal como biopesticida para o olival, liderado pelo InPP, em parceria com o Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV requimte) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCT) e as empresas GreenBePharma (GBP) – produção de canábis medicinal e AGR Global – cultivo e produção de olival (do grupo De Prado), é um dos vencedores da 6ª edição do Programa Promove da Fundação “la Caixa”, em colaboração com o Banco BPI e Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), na categoria de projetos-piloto inovadores.

O projeto ValorCannBio é focado no olival e pretende controlar a Gafa e a Tuberculose. Valorizar, como biopesticida, a biomassa excedente da produção de canábis medicinal, é o principal objetivo deste projeto.

Para contribuir para o controlo das duas doenças que afetam o olival, a equipa de investigadores envolvida no projeto desenvolverá biopesticidas (biofungicida e biocida) sustentáveis e eficazes, a partir da biomassa excedente do processo de produção de canábis medicinal. Este processo vai permitir atender às necessidades dos olivicultores, mas também abrir uma nova cadeia de valor associada à utilização de um subproduto da indústria da produção desta planta com fins medicinais.

Além disso, serão desenvolvidos novos métodos de extração dos compostos bioativos da canábis, baseados em química verde, isto é, usando solventes sustentáveis. Complementar a esta estratégia, visa-se explorar a comunidade de microrganismos como bactérias que colonizam o interior dos tecidos vegetais sem causar dano à planta da canábis (conhecidas como bactérias endofíticas), isolando bactérias com propriedades de agente de controlo biológico para serem desenvolvidas com biopesticida.

OBJETIVOS

1. Valorizar a planta de canábis como biopesticida.

2. Reduzir o custo associado com a destruição da planta de canábis após recolha das flores e da respetiva pegada carbónica.

3. Criar valor num novo segmento de mercado para a indústria da canábis.

4. Contribuir para a redução do uso de pesticidas de síntese química no olival e do impacto ambiental inerente à sua aplicação.

5. Contribuir para a redução das perdas económicas causadas pela antracnose e a tuberculose no olival.

6. Conservar uma das principais variedades tradicionais de oliveira do país, a Galega altamente suscetível à gafa.

ATIVIDADES

1. Obtenção dos subprodutos de canábis.

2. Rastreamento da atividade biopesticida de subprodutos da canábis.

3. Teste dos melhores biopesticidas em planta.

4. Caracterização dos produtos bioativos com atividade biopesticida.

5. Disseminação de resultados: Os resultados do projeto serão partilhados com o público através da criação de um website e da promoção nas redes sociais, para aumentar a visibilidade e o impacto dos resultados.

ORGANIZAÇÕES ENVOLVIDAS

FINANCIAMENTO

Informação do Projecto

Designação do Projeto /Acrónimo
ValorCannBio: Valorização de subprodutos da canábis medicinal como biopesticida para o olival
Código do Projeto
PL24-00043
Programa/Call
Programa Promove 2024 (6ª Edição)
Estado
Ativo
Data de início
01/10/2024
Data de conclusão
30/11/2027
Orçamento total
€ 259.895
Orçamento do CoLAB
€ 149.992
Entidade Líder
InnovPlantProtect

Equipa

Membro
Posição
Coordenadora de projeto, InPP
Investigador, InPP
Investigadora, InPP
Investigador, InPP
Investigadora, InPP
Investigador, InPP
Gestor de projeto, InPP
Gestora de Comunicação, InPP
Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV)
Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV)
Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV)
Hugo Janeiro
AGR Global - Grupo De Prado
João Janeiro
GreenBePharma