Pragas

Drosophila suzukii

Vulgarmente conhecida como mosca do vinagre, a Drosophila suzukii é a única espécie de drosófila capaz de provocar danos consideráveis em frutos sãos. Tem como principais hospedeiros diversos frutos, sobretudo os de pequena dimensão e de cutícula fina, como morangos, mirtilos, amoras, framboesas, medronhos, bagas de sabugueiro e cerejas, podendo também surgir em uvas, figos, dióspiros, kiwis, ameixas, pêssegos e damascos.

A infestação inicia-se com a perfuração da superfície dos frutos, onde as fêmeas desta espécie põem os seus ovos. As larvas que se alimentam da polpa dos frutos agravam o processo. Alguns dias depois, os frutos infestados podem reduzir de tamanho ou entrar em decomposição. Para além da infeção primária, infeções secundárias por fungos ou bactérias aceleram a destruição em grande escala, podendo facilmente perder-se toda a produção.

O vasto conjunto de hospedeiros possíveis é uma das dificuldades na luta contra esta espécie oriunda do Japão e que chegou à Europa em 2008. Atualmente, o método mais eficiente para detetar a presença da praga no local e acompanhar a sua evolução é a captura de adultos com recurso a armadilhas, semelhantes às utilizadas na captura massiva adiante descritas.

Percevejo asiático (Halyomorpha halys)

O percevejo asiático (Halyomorpha halys), também conhecido como percevejo-fedorento marmoreado castanho, é um inseto polífago capaz de se alimentar de mais 300 espécies de plantas de diferentes famílias, comendo frutos, folhas e rebentos, o que torna a gestão desta praga particularmente desafiante.

Nativo do oeste asiático, este inseto picador-sugador já chegou à Europa e está a tornar-se uma praga de importância global para muitas culturas agrícolas. E em Portugal não estamos livres da sua invasão. Embora se considere que esta praga está instalada numa região/ país quando se identifica uma colónia, não é de desprezar o facto de que em 2019 foi intercetado um indivíduo na região do Pombal, numa propriedade de produção de kiwis. Segundo a DGAV - Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, terá vindo à boleia numa alfaia agrícola importada de Itália, que é justamente o país europeu com mais prejuízos económicos relacionados com este percevejo.

Antes da Europa, o percevejo asiático foi introduzido acidentalmente nos EUA, em 2001, e no Chile em 2017. No continente europeu, chegou primeiro à Suíça, em 2004. Foi a partir destes pontos de introdução que se expandiu para outras regiões do mundo. Atualmente, a sua presença foi confirmada em 22 países e, na Europa, já se encontra em rápida disseminação - o caso mais grave é o de Itália, sobretudo no Norte, onde já é considerado uma das principais pragas de pomares frutícolas, tendo levado ao colapso dos programas de Gestão Integrada de Pragas existentes.

Além da destruição de hortícolas e árvores de fruto, outro grande problema deste inseto é o seu comportamento discreto, o que lhe permite passar despercebido no transporte de qualquer tipo de mercadoria, como malas de viagem ou alfaias agrícolas, facilitando, deste modo, a sua disseminação e ameaçando o comércio internacional e a economia dos países invadidos – só nos EUA já causou perdas de milhões de dólares em culturas hortícolas e, na Europa, os prejuízos são cada vez mais elevados em pomares de variados frutos e aveleiras. Chegado a um novo país, é capaz de passar os primeiros anos sem se fazer notar, mas, na realidade, está bastante ativo, a reproduzir-se e a instalar-se até atingir uma dimensão e populações consideráveis.

Uma vez que as populações de percevejo asiático mais próximas de Portugal se encontram estabelecidas na região da Catalunha (Espanha) é de prever que, se a praga se instalar no nosso país, culturas agrícolas como o tomate, milho, pera, kiwi, uva, laranja e outras podem vir a ser severamente afetadas, não havendo ainda uma forma eficaz de controlo. As perdas na produção destes alimentos podem chegar a 90%, uma vez que o inseto, ao provocar cicatrizes, depressões, descolorações, deformações ou queda dos produtos, torna inviável a sua comercialização.