Doenças

Estenfiliose

Esta doença foi confirmada pela primeira vez em Portugal em 1996 nas variedades de pera Rocha e Passe Crassan, assumindo atualmente uma situação epidémica na região do Oeste. Os seus efeitos são tão devastadores que, a título de exemplo, entre 2014 e 2016 provocou prejuízos de aproximadamente 30 milhões de euros na fileira da pera Rocha, segundo dados apresentados em 2017 pelo INIAV nas Jornadas Técnicas de Fruticultura.

Causada pelo fungo Stemphylium versicarium, a Estenfiliose (também conhecida como a doença das manchas castanhas da pereira) ataca as folhas e os frutos e os sintomas variam conforme a veriedade da pereira. As manchas têm tendência para invadir toda a folha, ao longo da nervura central, causando a sua dessecação e queda; nos frutos, surgem nas faces mais expostas ao sol e vão alastrando a todo o fruto se as condições climatéricas forem favoráveis à proliferação da doença.

Também presente no pomar na altura da floração, as infeções pelo fungo Stemphylium vesicarium podem ocorrer nas flores, nomeadamente nas anteras e sépalas. E quando há condições favoráveis de temperatura e humidade, o fungo desenvolve-se, as infeções aumentam, levando, por vezes, à queda dos frutos.

A incidência da doença depende das variedades de pereira e do estado de maturação dos frutos e parece estar ligada também à alteração dos esquemas de tratamentos do pedrado (uma das mais importantes doenças das pomóideas em todo o mundo, como pereiras e macieiras), em particular o emprego de substâncias ativas que apenas controlam o pedrado e não têm ação sobre a Estenfiliose.

Ferrugem amarela

O fungo Puccinia striiformis f. sp. tritici é o responsável pela ferrugem amarela do trigo, cujo nome se deve à cor amarela e à distribuição das urédias do fungo nas folhas, dispostas em longas estrias lineares e paralelas ao sentido das nervuras das folhas. Os sintomas da doença podem manifestar-se em qualquer fase de desenvolvimento das culturas, mas a coloração amarelada das folhas são os mais característicos.

Existem poucos estudos sobre a ocorrência, epidemiologia, danos e controle da ferrugem amarela, mas os poucos dados divulgados revelam que a doença causa perdas nas culturas de trigo que podem variar entre os 5 e 50%.

Com uma capacidade de propagação simples, os esporos da ferrugem-amarela-do-trigo espalham-se através do vento, ultrapassando facilmente fronteiras e alcançando outros países. Novas estirpes agressivas do fungo causador da ferrugem amarela têm surgido desde o virar do século, tendo atingido alguns países, incluindo Portugal em 2013 e 2014. Segundo dados divulgados pelo INIAV em 2015, a nova estirpe de ferrugem amarela (designada Warrior) que afetou nesses anos as culturas de trigo em Portugal “combinava um largo espectro de virulência que lhe permite atacar tanto o trigo mole como o trigo duro e o triticale”, um cereal híbrido, resultante do cruzamento do trigo com o centeio.

A introdução de genes resistentes nas plantas, a redução das fontes primárias de disseminação e a pulverização com fungicidas específicos são as medidas de controlo da doença atualmente disponíveis no mercado, mas têm-se revelado pouco eficazes.

De salientar que o trigo é a segunda maior cultura de cereais do mundo (a seguir ao milho) e um alimento básico, usado para fazer farinha e pão, na alimentação de animais e como ingrediente na produção de cerveja.

Piriculariose

Causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, a Piriculariose é uma das doenças mais comuns no arroz em todo o mundo e também em Portugal, afetando todas as bacias produtoras, desde o Mondego ao Tejo, Sorraia e Sado.

O ataque do Magnaporthe oryzae pode resultar em perdas na produção na ordem dos 50%, como sucedeu aos orizicultores do Tejo-Sorraia no ano 2018. No entanto, as perdas na produção são mais ou menos consideráveis dependendo da variedade de arroz e de fatores climáticos como a humidade e a temperatura. Em locais de cultivo onde prevalece uma humidade relativa do ar de 95% e uma temperatura média de 26°C/27°C, o risco de infeção e disseminação de esporos é alto.

A presença de Piriculariose é visível pelo aparecimento de manchas circulares ou elípticas, apresentando um centro acinzentado rodeado por bordos castanho- avermelhados, e pode manifestar-se em todas as partes aéreas da planta e em qualquer altura do seu processo de desenvolvimento, desde os estádios iniciais até à fase de grão leitoso.