BACKGROUND
A viticultura destaca-se como um setor agrícola primário na União Europeia (UE) em termos de receitas económicas, criação de emprego e pela sua ligação enraizada à cultura e à identidade das regiões vitivinícolas. A exportação de vinho é uma atividade relevante do setor alimentício da UE. No entanto, a viticultura enfrenta um grande desafio, uma vez que depende fortemente de agroquímicos para combater a vulnerabilidade das vinhas a doenças provocadas por bactérias e fungos.
A incidência destes agentes patogénicos está a aumentar devido às alterações climáticas, levando a impactos negativos significativos na produção de uva, incluindo rendimentos reduzidos e qualidade comprometida. Tradicionalmente, são aplicados um regime intensivo de pesticidas químicos, juntamente com altas doses de fertilizantes convencionais e corretivos de solo, para atender aos padrões de produção.
No entanto, esta abordagem incorre em custos excessivos e levanta preocupações alarmantes quanto aos efeitos adversos para o ambiente e para a saúde. A crescente procura de práticas de gestão vitivinícola mais sustentáveis levou, assim, a uma mudança para a produção de vinho orgânico nas principais regiões vitivinícolas. Esta transição é apoiada pela Diretiva Europeia sobre a Utilização Sustentável de Pesticidas (Directiva 2009/128/CE), que promove estratégias de Gestão Integrada de Pragas (GIP).
SINOPSE
Em resposta a esses problemas, um consórcio internacional de 19 parceiros de 10 países, coordenado pela Universidade do Minho e com a participação do InnovPlantProtect (InPP), anunciou o lançamento do Projeto VINNY, com um financiamento de 8,3 milhões de euros da União Europeia.
O objetivo do projeto é desenvolver soluções sustentáveis e inovadoras para reduzir o uso de produtos fitofármacos de síntese em viticultura, contribuindo para um uso sustentável de produtos fitofármacos e alinhadas com as missões estratégicas da UE “A Soil Deal for Europe” e “Restore our Ocean and Waters”.
Através de tecnologias avançadas de nanoencapsulação, o Projeto VINNY irá desenvolver nanobiopesticidas e nanobiofertilizantes a partir de fontes ecológicas, como as próprias uvas e resíduos da poda das vinhas, biocarvão proveniente de estações de tratamento de águas residuais e subprodutos da indústria da carne. Estas soluções sustentáveis e de baixo custo permitirão controlar pragas de forma mais eficiente e melhorar a fertilização do solo, enquanto minimizam o impacto ambiental, promovendo a valorização de subprodutos e contribuindo para sistemas de vinha mais resilientes.
Os biopesticidas e biofertilizantes desenvolvidos serão bioestimulantes, sendo aplicados de maneira inteligente através de tecnologias de libertação controlada. Algumas destas soluções inovadoras também serão incorporadas em agrotextêis, para melhorar a precisão de aplicação no solo.
Para o setor vitivinícola, o Projeto VINNY representa uma oportunidade única de investir em inovação, aumentar a resiliência das vinhas e melhorar a competitividade num mercado cada vez mais exigente e consciente das questões ambientais.
OBJETIVOS
1. Explorar novos bioactivos: biopesticidas derivados da videira e biofertilizantes industriais baseados em sub-productos da indústria da carne e de tratamento de águas residuais;
2. Desenvolver novos nanobiopesticidas e nanobiofertilizantes ecológicos através de técnicas de nanoencapsulação;
3. Desenvolver agrotêxteis impregnados com nanobiofertilizantes;
4. Testar a sua eficiência, eficácia e segurança in vitro, in planta e no terreno.
ORGANIZAÇÕES ENVOLVIDAS
FINANCIAMENTO