BACKGROUND
No contexto do Pacto Ecológico Europeu, a produção e os produtores de cereais em Portugal enfrentam o seguinte desafio: realizar a transição para uma agricultura digital, em particular com a introdução da IOT (Internet das Coisas) e da gestão integrada e remota das produções, de forma a assegurar a prática de uma agricultura tecnologicamente evoluída e, em simultâneo, garantir a sustentabilidade ambiental, económica e social das explorações e o seu contributo para a neutralidade carbónica.
A este contexto junta-se também o desafio de garantir a segurança alimentar nacional e europeia e a sua relevância estratégica, onde o atual desempenho da balança comercial agrícola em paralelo com a conjuntura internacional necessita de ser endereçado, em linha com a “Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais”, onde se “…visa atingir, num horizonte de 5 anos, um grau de autoaprovisionamento [1] em cereais de cerca de 40% (correspondendo 80% ao arroz, 50% ao milho e 20% aos cereais praganosos, trigo, cevada, e aveia).
Em Portugal, “…no final dos anos 80, a superfície ocupada com cereais correspondia a cerca de 900 mil hectares, aproximadamente 10% do território nacional, tendo diminuído para 257 mil hectares em 2016. Os níveis de autoaprovisionamento apresentam atualmente um valor na ordem dos 23%…”, o que representa uma grande dependência do exterior. Portugal tem um sério problema de soberania alimentar no que se refere aos cereais, os fatores que conduziram a esta situação são vários, mas prendem-se, maioritariamente, com questões relacionadas com a competitividade do setor face aos mercados externos.
[1] O que é o grau de autoaprovisionamento?
É o quociente entre a produção e o consumo internos de um dado produto. Este indicador mede a necessidade de importação ou a capacidade de exportação.
Com o projeto +Valorcer pretende-se melhorar a produção de cereais em Portugal, que a longo prazo poderá significar um maior autoaprovisionamento.
Adicionalmente, a sociedade tem, hoje, de responder a quatro grandes tendências: a necessidade de ser mais eficientes para alimentarmos uma população cada vez maior; num mundo que se impõe mais ecológico e sustentável; que procura novas alternativas alimentares, simultaneamente mais seguras e nutricionalmente equilibradas; e que reconhece, cada vez mais, a importância da origem e proximidade do que consome.
Para transformar estes desafios em oportunidades é fundamental responder de forma inovadora e transversal à enorme necessidade de fazer evoluir o tecido produtivo nacional, introduzir critérios de qualidade e fazer com que o consumidor perceba e valorize a mais-valia de consumir cereais nacionais: um produto de alta qualidade, saudável e de origem conhecida; e, simultaneamente, preparar todo o setor para um futuro da agricultura inteligente, contribuindo para a criação efetiva de valor em toda a fileira.
SINOPSE
O projeto +Valorcer, liderado pelo InPP, surge para dar resposta a alguma falta de robustez organizacional da maioria das Organizações de Produtores de cereais, pretendendo tornar as Organizações de Produtores mais estruturadas e organizadas, mais competentes e mais eficientes (ao nível dos processos e do uso dos recursos), mais conhecedoras do mercado, capazes de fazer melhores negócios, comunicar melhor e obter a máxima valorização dos seus produtos.
Incentivar a inovação, maior eficiência e valorização da produção de cereais em Portugal, contribuindo para a modernização da fileira cerealífera a nível nacional, é o principal objetivo do projeto.
- Inovação na produção de cereais – Preparar todo o setor para um futuro da agricultura inteligente, contribuindo para a criação efetiva de valor em toda a fileira;
- Valorização da produção de cereais – Introduzir critérios de qualidade e fazer com que o consumidor perceba e valorize a mais-valia de consumir cereais nacionais;
- Criação de um esquema de rastreabilidade – Integrar a tecnologia inovadora blockchain [2], que se baseia em gerar bases de dados sobre o processo de produção, transação e consumo de um produto ou serviço, não só para garantir a qualidade e a transparência da cadeia de abastecimento de alimentos, mas também para servir de veículo de transformação do tecido produtivo nacional, que terá de incorporar práticas e processos capazes de alimentar todo o sistema.
[2] O que é a blockchain?
A blockchain é uma tecnologia transformadora que torna possível rastrear a origem dos alimentos e ajudar a criar cadeias de abastecimento de alimentos confiáveis, seguras e de qualidade, capazes de construir confiança entre produtores e consumidores. Esta tecnologia pode registar todos os passos da cadeia de valor de um produto, desde a sua criação até ao seu destino final.
Quais são as principais vantagens da blockchain para os envolvidos nas cadeias de produção?
As vantagens são várias. No caso dos/das:
-Produtores – Passam a poder disponibilizar, com a maior transparência, informações individuais dos seus produtos, o que ajuda a estabelecer uma relação de confiança com os consumidores e a construir a reputação dos seus produtos;
-Consumidores – Passam a saber como os alimentos que consomem são produzidos, processados, embalados, rotulados e vendidos;
-Empresas – Passam a poder valorizar os seus produtos, melhorando a qualidade destes e aumentando a competitividade;
-Agências reguladoras – Passam a ter acesso a informações confiáveis e precisas para que possam realizar regulamentações informadas e eficientes.
OBJETIVOS
1. Fazer um diagnóstico da realidade das Organizações de Produtores em Portugal.
2. Estabelecer um referencial produtivo que será depois prescrito a todas as Organizações.
3. Fazer o acompanhamento da implementação deste referencial produtivo que incluirá planos de formação adaptados a cada uma das Organizações envolvidas.
4. Implementar uma estratégia de comunicação que transmita esta realidade ao consumidor final.
Logotipo do projeto +Valorcer
ORGANIZAÇÕES ENVOLVIDAS
FINANCIAMENTO