BACKGROUND

Xylella fastidiosa é uma bactéria de quarentena que afeta centenas de espécies vegetais, incluindo as de maior valor económico e ambiental, tal como a oliveira, as prunóideas [1], os citrinos, a videira, o sobreiro, o carvalho, e muitas outras espécies florestais, ornamentais e espontâneas.

Esta bactéria é uma das 20 pragas de quarentena prioritárias da União Europeia, e dispersa-se a distâncias curtas através de insetos vetores [2] e, a longas distâncias, pelo transporte de plantas contaminadas [3]. Considera-se que o risco de dispersão no nosso território é elevado, tendo em conta a circulação de material de propagação proveniente de diversas regiões, as frequentes infeções latentes (assintomáticas, i.e., que não apresentam sintomas), as quais dificultam a sua deteção precoce, e a presença no nosso território de espécies de insetos capazes de a dispersarem. A presença da bactéria foi confirmada pela primeira vez em Portugal, em janeiro de 2019 na área metropolitana do Porto, e desde esse ano tem sido registada noutras regiões do país.

Nesse sentido surge o projeto SNM_XylellaVt, como uma união de forças para conter a doença às áreas identificadas até agora e travar a dispersão desta doença pelo resto do território português.

SINOPSE

O projeto SNM_XylellaVt pretende criar uma rede para a monitorização da X. fastidiosa e do(s) seu(s) inseto(s) vetor(es), em particular a cigarrinha das espumas, de nome científico (Philaenus spumarius), permitindo o desenvolvimento de novas ferramentas, como os modelos de previsão de risco que, na presença da bactéria, seja nas plantas ou nos insetos vetores, permitam ao Serviço Nacional de Avisos Agrícolas (SNAA) alertar, em tempo real, sobre os níveis económicos de ataque (NEA) para estes insetos, permitindo, assim prevenir a infeção das principais culturas.

Face a esta ameaça fitossanitária, criar sistemas de prevenção eficazes, baseados em moderna tecnologia digital permite a captação e fixação de jovens em territórios de baixa densidade e contribui para a implementação de práticas mais sustentáveis que permitirão melhorar e aumentar a rentabilidade ambiental e económica das culturas e do setor agroalimentar.

OBJETIVOS

1. Criação de um sistema de monitorização e de Avisos é permitir aumentar a prevenção das infeções das culturas pela bactéria X. fastidiosa, atuando no controlo dos seus vetores. Os avisos gerados pelo SNAA poderão assim apoiar os municípios, os agricultores e produtores florestais num controlo mais direcionado e eficaz destes insetos, reduzindo assim o risco fitossanitário de infeção pela X. fastidiosa e prevenindo a sua dispersão. Dispor de tal sistema contribuirá para uma maior resiliência dos sistemas produtivos e redução do risco de perda das culturas.

2. A iniciativa irá também desenvolver um programa de capacitação centrado no desenvolvimento das melhores práticas agrícolas para controlo dos insetos vetores da X. fastidiosa, e nos resultados dos trabalhos a desenvolver. A iniciativa irá envolver os Polos de Inovação afetos às DRAP e à DGAV, para além das explorações das PME parceiras.

3. Pretende-se ainda desenvolver e validar armadilhas inteligentes que permitam identificar os principais vetores, em especial o P. spumarius que possam vir a ser usadas pelo SNAA.

ATIVIDADES

1. Instalação de uma rede de postos de observação biológica (POB) ao longo do país, abrangendo vinha, pomares de fruteiras, olival, montado de sobro e ambiente natural ou ajardinado, para registo da presença dos principais insetos vetores da X. fastidiosa, estudo do seu ciclo biológico e das espécies vegetais hospedeiras dos insetos ao longo do seu ciclo biológico. InPP participa na recolha de dados em duas áreas: montado e vinha.

2. Análise de dados e desenvolvimento de modelo de previsão de risco, envolvendo pelo menos um dos insetos vetores de maior risco, o P. spumarius, baseado nos dados a obter na rede de POB, que possa vir a ser utilizado para a emissão de Avisos, através do SNAA, visando promover as medidas de controlo mais eficazes nas zonas demarcadas, e ainda, constituir recomendações de controlo nas zonas não afetadas pela doença. O InPP está responsável por executar esta atividade.

3. Desenvolvimento de novos sistemas de apoio à monitorização e identificação de insetos, através do uso de armadilhas inteligentes, que permitam desenvolver e validar tecnologias para a observação e identificação digital de insetos vetores da X. fastidiosa.

4. Capacitação e comunicação, com o desenvolvimento de um programa de capacitação direcionado a todos os técnicos das entidades envolvidas no projeto e produtores para a identificação dos principais insetos vetores da X. fastidiosa, em particular o P. spumarius, e melhores práticas para o seu controlo.

Logótipo do projeto SNM_XylellaVt

ORGANIZAÇÕES ENVOLVIDAS

FINANCIAMENTO

[1] As prunóideas são todas as árvores e arbustos do género ‘prunus’, da família das rosáceas, nativas das regiões temperadas, sobretudo do hemisfério norte, que incluem espécies frutíferas, como ameixeira, cerejeira, ginjeira, pessegueiro e damasqueiro.

[2] A bactéria Xylella fastidiosa é transmitida de umas plantas para as outras através de insetos vetores infetados que se alimentam do xilema. O principal vetor de transmissão da bactéria na Europa é a cigarrinha-da-espuma, de nome científico Philaenus spumarius, existindo, no entanto, outros potenciais vetores. O inseto (ninfas e adultos) é infetado durante a sua alimentação nos vasos do xilema de uma planta infetada.

[3] A bactéria X. fastidiosa coloniza o xilema provocando a obstrução da passagem de água e nutrientes. Causa sintomas semelhantes à falta de água e carências, como pontas e margens das folhas com aspeto seco, conduzindo à morte das plantas.