MoniTREEng – Monitorização da saúde, produtividade e regeneração natural dos Quercus sp.

BACKGROUND

Portugal encontra-se entre os países europeus com maior vulnerabilidade ao fenómeno da desertificação, sobretudo nas zonas semiáridas do sudeste e nordeste do país. De acordo com as estatísticas (PANCD, 2014), em Portugal a superfície ocupada por áreas semiáridas aumentou 17% entre os períodos de observação de 1960-1990 e 2000-2010. Como consequência estas áreas têm uma maior exposição e vulnerabilidade à erosão o que afeta diretamente a produtividade agrícola e florestal. É, por isso, urgente apostar em estratégias para a recuperação dos ecossistemas das zonas semiáridas, promovendo povoamentos com estruturas ecológicas mais adaptadas, com maior capacidade de fixação de carbono e nutrientes, de proteção do solo e aumento do conteúdo em matéria orgânica, alicerçadas no mais recente conhecimento científico nesta área.

Neste contexto, a Autoridade de Gestão do COMPETE 2020 procedeu ao lançamento de um aviso (13/REACT-EU/2021) inserido no âmbito do objetivo específico “Apoio à Transição Climática” e na prioridade de investimento 13.1 “Promoção da recuperação da crise no contexto da pandemia de COVID-19, e respetivas consequências sociais, e preparação de uma recuperação ecológica, digital e resiliente da economia”.

SINOPSE

São vários os fatores que podem resultar na degradação dos solos, e por fim, na sua consequente desertificação, incluindo tanto as variações climáticas quanto as atividades antropogénicas. A plantação de árvores é uma forma natural de deter a desertificação e o aquecimento global, já que as árvores melhoram a qualidade do solo, armazenam carbono e reduzem a erosão. No entanto, para que as plantações das árvores sejam eficientee e com um impacto a longo-prazo é essencial planeamento e execução apropriadas. Por exemplo, maior enfâse deveria ser dada à origem das mudas que serão utilizadas e à sua taxa de sobrevivência, em relação à área de intervenção, onde ocorrerá o processo de reflorestamento. A razão para isto está relacionada com o constante aumento das altas temperaturas e com o aumento dos períodos de secas severas, que podem causar mudanças na distribuição das comunidades vegetais e piorar a sanidade das plantas por mudanças fisiológicas e aumento da suscetibilidade a pragas e doenças.

Com isto em mente, este projeto parte do pressuposto que para conter a degradação dos solos e a desertificação, as florestas devem ser protegidas e, sempre que possível, a regeneração natural deve ser encorajada e promovida. Esta última, é o processo pelo qual as florestas são repovoadas com árvores que se desenvolveram de sementes que germinam in situ. Portanto, a regeneração natural é provável para indivíduos mais bem adaptados às condições do sítio em mudança, o que pode contribuir para a resiliência do local.

Este projeto, o qual conecta ciência, tecnologia e participação da sociedade, tem como objetivo estudar os padrões de produção de sementes viáveis e mudas naturais estabelecidos em 5 localidades entre o Alentejo e a Beira Baixa , caracterizadas por regiões bioclimáticas diferentes (Koppen-Geiger Csa e Csb), e por 2 habitats prioritários da UE; montado (Quercus suber and ilex) [habitat code 6310] e florestas mediterrânicas de Quercus pyrenaica [habitat code 9230].

OBJETIVOS

O projeto tem os seguintes objetivos:

1. identificar as áreas com contraste de produção de bolota/produtividade de sementes viáveis e regeneração natural, e relacioná-las com o estado fitossanitário (saúde) das árvores e das bolotas, microbioma, condições climáticas e gestão do solo;

2. identificar as árvores produtivas como fonte de sementes (de bolotas) para futuros programas de reprodução;

3. aconselhar os agentes do setor sobre a gestão do sistema agro-florestal para a maximização da produção de bolota e o sucesso da regeneração natural e para promover a resiliência do montado face às alterações climáticas esperadas e à degradação do solo.

ATIVIDADES

O projeto tem as seguintes atividades:

1. Trabalho de campo que inclui: inventário florestal, avaliação da fitossanidade das árvores e regeneração natural, instalação de armadilhas para recolher bolotas e recolha de bolotas de árvores produtivas selecionadas, instalação de estações de clima e sensores IoT (Tree Talkers), campanha de drone (UAV).

2. Análises laboratoriais e análises microbiológicas, quantificação do carbono orgânico presente no solo, testes de fertilidade das bolotas, diagnósticos de doenças das plantas.

3. Análises de dados que compreendem uma análise espacial e estatística integrada dos dados coletados no campo e com os sensores remotos (IoT e UAV) para a identificação das relações entre a fertilidade das bolotas e taxa de sucesso da regeneração das mudas com microclima, microbioma, estado fitossanitário das árvores, matéria orgânica no solo e práticas de gestão do solo. Os resultados da análise serão apresentados em mapas online do vigor e produtividade das árvores e das áreas (hot-spots) com sobrevivência de bolotas/mudas, o que tem como objetivos auxiliar os proprietários de terras, associações e gestores florestais a agirem a tempo e aplicar ações de gestão de solo para proteger a produção de bolotas e áreas de regeneração natural.

4. Sessões de formação do uso de tecnologias (sensores IoT, estações metereológicas e aplicação móvel) para as associações parceiras do projeto, reuniões e divulgação de resultados, incluindo um workshop final para os membros das duas associações, no qual também será explicado como aceder online aos mapas no webGIS.

VÍDEOS

Logotipo do projeto MoniTREEng

ORGANIZAÇÕES ENVOLVIDAS

Equipa

Membro
Posição
Líder de projeto, InPP
Investigador, InPP
Investigadora, InPP
Investigador, InPP
Pedro Naves
Investigador, INIAV
Edmundo Sousa
Investigador, INIAV
Helena Bragança
Investigadora, INIAV
Oscar Moutinho
Engenheiro Geoespacial, Eye2Map
David Pinto
Técnico Superior, Eye2Map
Célia Ramalho
Engenheira Florestal, Aflosor
Inês Barracha
Engenheira Florestal, Aflosor
Pedro Pires
Agrónomo, AcriAlmeida