Inventário florestal em Avis, Ourique e Alcuescar (Espanha)

Os trabalhos de inventário florestal do projeto IA aplicada a um sistema de previsão e deteção precoce de Phytophthora cinnamomi em ecossistemas de montado/ dehesa ” iniciaram-se na primeira semana de setembro de 2021, com uma ação de formação em Elvas sobre amostragem de variáveis estruturais em azinheiras, onde estiveram presentes investigadores do InnovPlantProtect e da Escola Superior Agrária de Elvas.

Na segunda semana de setembro, deu-se início à amostragem de variáveis fitossanitárias em sobreiros e azinheiras de montados de três regiões da Península Ibérica: Avis, Ourique e Alcuescar. Estas três áreas apresentavam contextos edafoclimáticos (relativos aos solos e ao clima) claramente distintos. As zonas de Ourique e Alcuescar apresentavam um uso agroflorestal misto de sobreiro e azinheira em solos mediterrânicos pobres, de profundidade reduzida, contrastando com a paisagem homogénea de sobreiros e solos parcialmente arenosos que caracterizam a área de Avis. Todas as áreas são pastoreadas por gado porcino (porco preto).

As áreas de Alcuescar e Ourique são também pastoreadas por gado bovino. Após uma primeira visita de reconhecimento, procedeu-se ao início da amostragem, que resultou na recolha de dados da estrutura e condição fitossanitária de mais de 1100 árvores. Uma equipa de quatro investigadores do InnovPlantProtect foi envolvida nesta tarefa. Na área de Alcuescar, os trabalhos contaram ainda com a colaboração de dois técnicos do centro de investigação da Extremadura CICYTEX.

A Phytophthora cinnamomi (fitóftora) precisa de água para desenvolver o seu ciclo biológico pelo que o teor de humidade e temperatura do solo é fundamental para o seu estabelecimento, dispersão e sobrevivência. A doença invade as raízes finas causando o bloqueio e a destrução (necroses) do tecido vascular. Ao ficarem inoperacionais, as raízes comprometem o abastecimento de água e nutrientes às copas, que começarám, sobretudo na parte superior, a mostrar sintomas progressivos de perda de vitalidade como a alteração de cor das folhas pasando da verde-scuro a amarelo e castanho e a desfoliação (as copas tornam-se mais transparentes).

Se o ataque da fitóftora for moderado, as árvores poderão manter-se vivas por alguns anos e morrerão progressivamente. Todavia, se o ataque for severo a morte das árvores é súbita, deixando-as com folhas castanhas até ao final do Outono. Por fim, se as condições de humidade e temperatura do solo não forem propícias à sua atividade, a fitóftora pode permanecer latente no solo durante longos períodos de tempo, em resíduos de matéria orgânica ou infetando as raízes de hospedeiros.

No campo, a caracterização do estado fitossanitário de cada árvore foi realizada de acordo com quatro classes de severidade da desfolhação observada. As medições da estrutura das árvores incluíram o raio da copa, o perímetro do tronco e a altura da árvore. Foram também registadas, em cada árvore amostrada, outras informações relativas ao estado geral(e. g., ocorrência de ramos partidos) e a indícios de pragas (e. g., Platypus cylindrus e Cerambyx spp.). Todas as árvores amostradas foram fotografadas, marcadas e a respetiva localização GPS registada. A informação obtida foi registada recorrendo a uma app ODK para Android, ficando imediatamente acessível através de uma plataforma WebGIS.

Este projeto é financiado no quadro do Promove – O Futuro do Interior, programa da Fundação “la Caixa” lançado em parceria com o BPI e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com o objetivo de apoiar iniciativas inovadoras em domínios estratégicos para o desenvolvimento das regiões do Interior de Portugal.

Siga o InnovPlantProtect no Facebook, Twitter, LinkedIn e Instagram