Os agricultores semeiam. As plantas crescem. Os insetos comem-nas. A agricultura enfrenta muitos problemas provocados por pragas que podem ser resolvidos com tecnologias de RNAi. Quem o diz é o norte-americano Michael Helmstetter, empreendedor e investidor em novas tecnologias para a agricultura e saúde animal, num artigo publicado na prestigiada revista Forbes.
Michael Helmstetter acredita num “futuro brilhante para a tecnologia de RNA de interferência” (RNAi), prevendo que a sua utilização será cada vez maior e necessária. Num artigo para a revista Forbes, publicado a 6 de agosto de 2020, o cofundador e presidente e executivo-chefe da TechAccel, uma empresa de desenvolvimento de tecnologias para o setor de agricultura e saúde animal afirma que “a combinação de vastos recursos genómicos já disponíveis e com a capacidade de fabricar RNA a baixo custo abre a porta para o desenvolvimento de vários tipos de produtos que não eram viáveis até há cinco anos atrás.” Produtos como por exemplo os biopesticidas, que para Helmstetter são uma área extremamente importante para a inovação agrícola e também por isso um elemento central da atividade da sua empresa.
Usando o argumento simples e incontestável de que “os agricultores semeiam, as plantas crescem e os insetos comem-nas”, chama a atenção para o desafio que a agricultura enfrenta desde sempre e que atualmente toma proporções mais preocupantes devido à deslocalização de pragas, uma das consequências das alterações climáticas e que tende a agravar-se. “Há milhares de anos que os agricultores têm usado uma variedade de métodos para controlar as pragas. Os primeiros pesticidas químicos eram derivados de plantas, animais ou minerais, desde o extrato da planta heléboro usada pelos romanos por volta 100 a.C., até a aplicação de arsénio por agricultores chineses em 900 d.C..”
Na década de 1940, graças à química moderna, novos tipos de pesticidas (químicos de síntese) fora, produzidos e ainda são amplamente utilizados em todo o mundo. Segundo Helmstetter esses químicos de síntese impulsionaram a chamada primeira “Revolução Verde” – que começou na década de 1950 como resultado dos esforços de investigadores em agrónomos, entre os quais o vencedor do Prémio Nobel da Paz em 1970, Norman Borlaug – e contribuíram significativamente para a economia de milhões de pessoas que até então passavam fome.
Mas, embora continuem a ser importantes na manutenção da produtividade das culturas em sistemas agrícolas modernos de alta eficiência, não se podem descurar “as desvantagens que existem na grande dependência de químicos de síntese”, alerta Helmstetter no artigo da Forbes, dando como exemplo a resistência que os insetos desenvolvem aos pesticidas, o que resulta na redução da produção e dos rendimentos dos agricultores e no aumento dos custos operacionais. Outra desvantagem não menos importante, aponta o investidor norte-americado, é o preço ambiental alto de muitos pesticidas, nomeadamente contaminação da água e impacto negativo em insetos benéficos, como as abelhas.
Por estas e outras razões, os consumidores e os órgãos reguladores em muitas países do mundo, incluindo os Estados Unidos e os da União Europeia, estão a exigir a limitação ou a eliminação do uso de determinados químicos de síntese na agricultura (aliás, no caso da União Europeia, são disso exemplos as novas estratégias “Do Prado ao Prato” e “Biodiversidade 2030”).
E como é que a indústria estar a responder a essa demanda por práticas agrícolas ambientalmente mais sustentáveis? Diz o autor que é através da “Nova Revolução Verde”, que consiste num sistema de inovações biotecnológicas para permitir práticas agrícolas eficientes, eficazes e lucrativas, minimizando as consequências negativas para a saúde humana, animal e ambiente. “Um ponto chave para esse objetivo é o desenvolvimento de novas soluções para o controlo de pragas”. Ou seja, “uma nova classe de pesticidas, os pesticidas de RNA de interferência (RNAi), que estão prestes a tornar-se uma ferramenta importante no controlo ide pragas.” Saiba porquê no texto da Forbes.